Falar sobre qualidade de vida no trabalho envolve toda a mudança social entre as relações trabalhistas e novos modelos de negócio. No passado, a grande maioria dos trabalhos eram predominantemente manuais, relacionados ao esforço físico, e a produtividade poderia ser cobrada de forma direta.
Isso quer dizer que era possível simplesmente exigir mais e conferir se sua tarefa estava sendo feita mais rapidamente. Atualmente, a maior parte dos trabalhos (inclusive aqueles que são bastante baseados em força bruta) envolvem uma série de fatores mais delicados, como tecnologia, criatividade e resolução de problemas de forma eficaz.
Ao se tratar destes conceitos mais abstratos, não se pode pedir que o trabalhador simplesmente “faça mais”. Especialistas em Gestão de Pessoas dizem que para que alguém faça mais em seu trabalho, essa pessoa precisar ser estimulada a fazer mais.
Na prática, as leis trabalhistas regulam as condições mínimas para um ambiente de trabalho aceitável, mas não obrigam que o empregador ofereça e se preocupe com qualidade de vida no trabalho de forma propriamente dita. Por outro lado, as leis também protegem os trabalhadores de precisarem fazer mais do que o desempenho mínimo exigido por contrato – o que quer dizer que é necessário haver um bom motivo para que ele produza mais.
Perante esta questão, surge a pergunta: qualidade de vida no trabalho é um luxo que empresas podem dar para seus trabalhadores se quiserem ou, em um mercado cada vez mais exigente, é uma necessidade para manter bons trabalhadores satisfeitos e produtivos?
Vantagens ao se oferecer qualidade de vida no trabalho
Notícias de empresas (principalmente no ramo de tecnologia) que apresentem benefícios e “mimos” para seus funcionários constantemente são cada vez mais comuns. De empresas com exercícios laborais até grandes corporações com salas de jogos e videogames de última geração, a grande maioria delas reporta vantagens notáveis na qualidade do seu serviço.
Um empregado feliz e satisfeito produz mais, e está mais preocupado com a resolução de problemas de empresa, com o intuito de manter seus benefícios durante o trabalho.
Trabalhadores que recebem cuidados com sua saúde, como refeitório interno com alimentação de qualidade e ginástica laboral, por exemplo, costumam ficar menos doentes, o que diminui os dias de trabalho em que passa inativo, sendo remunerado.
Outro fator apontado é que, com o estabelecimento de metas, oferecer qualidade de vida no ambiente de trabalho faz com que a produção seja mais cuidadosa e rápida, pois os trabalhadores não desejam ter que perder o tempo que poderia estar sendo investido em algo prazeroso fazendo um retrabalho.
Aspectos legais
Oferecer qualidade de vida no trabalho é um conceito abstrato para a lei brasileira. Embora requisitos mínimos sejam exigidos, eles tratam de condições aceitáveis de trabalho, e tratam da segurança e da prevenção de abusos.
Legalmente, não há obrigação de uma empresa oferecer este tipo de benefício a seus trabalhadores. Por outro lado, algumas áreas exigem, por competitividade, alguns tipos de recursos para seus trabalhadores.
Uma forma interessante de pensar sobre a questão através do direito, é a aplicação (propositalmente distorcida) do princípio do conglobamento. Este princípio diz que um trabalhador só pode ter uma mudança para pior em suas condições de trabalho se outras mudanças compensarem essa condição e resultarem em benefícios.
Pode-se pensar em uma aplicação inversa deste princípio para o empregador. De fato, seus custos serão um pouco mais altos, mas é possível que eles sejam facilmente compensados pela mudança de produtividade e qualidade do trabalho de seus empregados.
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